Como arquiteto, sempre enxerguei a iluminação como uma das grandes protagonistas de qualquer projeto. Ela não é apenas um recurso técnico, mas um elemento sensível, emocional e funcional que transforma a forma como vivemos e percebemos os espaços. Luz é matéria de projeto. Seja ela natural ou artificial, é a responsável por valorizar formas, texturas, cores e volumes — mas, mais do que isso, ela interfere diretamente no nosso humor, produtividade e bem-estar

Projetar com luz é pensar na experiência do usuário ao longo do tempo. É imaginar como aquele ambiente será vivido pela manhã, à tarde e à noite. A luz natural, por exemplo, traz uma qualidade única aos espaços. A forma como ela atravessa uma janela, rebate em uma parede ou penetra suavemente por uma claraboia pode trazer poesia à arquitetura. Um exemplo notável disso é a Igreja da Luz, de Tadao Ando, no Japão. O corte preciso em formato de cruz na parede de concreto permite que a luz invada o espaço com força simbólica e espiritual, transformando o vazio em contemplação.
Outro projeto que me inspira profundamente é o Louvre de Abu Dhabi, de Jean Nouvel. A cúpula metálica filtra a luz do deserto, criando uma “chuva de luz” no interior do museu. O resultado é uma iluminação ao mesmo tempo técnica e emocional, que respeita o clima local e valoriza a experiência dos visitantes. Esses projetos mostram como a luz pode ir além da função, tornando-se narrativa, linguagem e emoção.
Mas nem só de poesia vive a luz na arquitetura. Ela também tem papel fundamental na funcionalidade dos espaços. Em ambientes corporativos, por exemplo, uma boa iluminação pode aumentar significativamente a produtividade dos colaboradores. Estudos mostram que a presença de luz natural está diretamente ligada ao aumento da concentração e ao bem-estar. Já em residências, é essencial ajustar a temperatura de cor de acordo com cada ambiente. Um quarto pede luz mais quente e suave, ideal para o relaxamento. Cozinhas e áreas de trabalho, por outro lado, funcionam melhor com luz fria, que estimula a atenção.
Para 2025, o mercado de iluminação vem com novidades empolgantes que, muitas delas, podem ser conferidas no Pavilhão de Iluminação da Haus Decor Show, feira mais importante dos segmentos de tintas e vernizes, iluminação e automação residencial e que aconteceu em março. Vejo com entusiasmo o avanço dos sistemas inteligentes, capazes de se adaptar automaticamente à luz do dia e aos hábitos dos usuários. A personalização será cada vez mais comum — com cenas pré-programadas, controle por aplicativos e até sensores, mais avançados dos que o que já conhecemos, que respondem à presença com mais rapidez e à luminosidade externa. Outra tendência que ganha força é o design biofílico em luminárias, com formas orgânicas e materiais naturais, que além de iluminar, criam uma conexão mais afetiva com o espaço.
Iluminar é criar atmosfera, guiar o olhar, despertar sensações. Como arquiteto, acredito que pensar na luz desde o início do projeto é essencial para criar espaços mais humanos, sensíveis e memoráveis. A luz é, sem dúvida, um dos elementos mais potentes que temos para contar histórias por meio da arquitetura.