Tecnologia avança para eliminar a espuma sem gerar efeitos adversos às formulações
Antiespumantes são empregados em diversos setores e tem como principais clientes as indústrias de tintas imobiliárias e industriais. Segundo informações da consultoria Allied Market Research, o mercado desses aditivos foi avaliado em US$ 5,1 bilhões, com previsão de crescimento para US$ 7,1 bilhões até 2030, destacando um aumento para os antiespumantes à base de silicone, linha de produtos que já domina o segmento.
Características de um bom antiespumante
O sucesso de um antiespumante depende, basicamente, do balanço entre a solubilidade do material na tinta e os defeitos que este poderia causar à camada aplicada.
A fim de suprir as necessidades dos diferentes tipos de tintas, são utilizados silicones, óleos minerais e polímeros que devem ser testados para comparar a eficácia e os efeitos adversos desses aditivos com os demais ingredientes das formulações desejadas, de modo a obter tintas que atendam as normas vigentes e ofereçam o desempenho desejado pelos usuários finais.
Alta competitividade no mercado de antiespumante
Atualmente, esse mercado está altamente competitivo devido ao aumento da demanda do setor de tintas e à entrada de produtos de novos fornecedores com perfis variados, impulsionando o desenvolvimento de opções e soluções de alta qualidade.
Segundo Gilvan Felix, gerente do laboratório de aplicação da Polystell, as inovações lançadas no mercado brasileiro de tintas apresentam alta tecnologia, forte apelo sustentável e facilidade de aplicação.
Sobre a necessidade de soluções sustentáveis, foi destacada a substituição de alguns antiespumantes que contêm substâncias perfluoradas (PFAS) e óleos minerais por polímeros de silicone e óleos vegetais, respectivamente.
Camilo Alvarado, da área de marketing e inovação de dispersões, resinas e aditivos da Basf na América do Sul, comentou que essas demandas surgiram da necessidade de alguns clientes em adequar suas formulações às exigências para exportação, principalmente para a Europa e os EUA, por meio do emprego de compostos mais sustentáveis, por exemplo óleos vegetais, em seus aditivos e tintas.
Inovações em antiespumantes
Polystell
A Polystell é uma das poucas empresas que sintetiza e desenvolve antiespumantes em sua fábrica no Brasil.
Segundo a coordenadora de vendas Jaqueline Scapolatempore, o laboratório permite desenvolver aditivos com foco no desempenho, custo-benefício, impacto ambiental e aumento da sua compatibilidade com outros ingredientes da formulação.
A produção dos antiespumantes com base em silicones e óleo mineral se dá por processos cuja primeira etapa é a obtenção dos polímeros, normalmente insolúveis no meio reacional, seguida por uma etapa de modificação do polímero, que aumenta a solubilidade em água do antiespumante.
Felix destacou que o processo de produção depende do tipo de tinta em que ele será empregado, dando como exemplo a produção de um dos carros chefes da empresa, o Polyapp 21250, antiespumante para sistemas aquosos.
Segundo ele, se o aditivo for usado em tintas base solvente, o polímero hidrofóbico não precisa ser modificado, enquanto que para o uso em tintas base aquosa, o polímero precisa ser modificado para aumentar a solubilidade em água.
Segundo Felix, como lançamento de novos produtos com forte apelo sustentável e de fácil aplicação pelos fabricantes de tintas, a empresa destacou o antiespumante de cadeia carbônica modificada radical acrílico Polyvell 31431 Acryfull, capaz de melhorar a aplicação e contribuir para o nivelamento da tinta pelo controle da taxa de evaporação de água após a aplicação.
Outro diferencial da empresa é a nacionalização de suas matérias-primas, o que lhe permitiu crescer durante a pandemia da Covid-19.
Segundo Felix, graças ao conhecimento da empresa sobre o efeito do tamanho dos polímeros utilizados nos filmes de tintas, foi possível substituir matérias-primas importadas por nacionais, principalmente para produzir alguns tipos de aditivos mundialmente conhecidos.
Para a empresa, os desafios para a produção de antiespumantes estão ligados às necessidades dos clientes, divididas em atender as regulamentações e conformidades necessárias, desenvolvimento de produtos e a cadeia de suprimentos, garantindo a disponibilidade de recursos e controle de custos.
Basf
Um dos principais players neste mercado, justifica o seu crescimento devido à substituição das tintas base solvente pelas de base aquosa, como explicou Marlon Braidott, especialista técnico de aditivos.
Ele comentou a necessidade por mais sistemas antiespumantes decorrente da maior tendência para a formação de bolhas nas tintas de base aquosa e a necessidade de atender diferentes aplicações.
Atualmente, a Basf produz antiespumantes de óleo mineral na planta de Jacareí-SP.
No caso dos aditivos à base de silicone, a empresa os importa das fábricas da companhia nos Estados Unidos, México e Europa. Alvarado comentou que o principal item de custo para a produção destes antiespumantes é a matéria-prima, além das despesas importação, principalmente para pequenas quantidades de aditivos.
A Basf, para este segmento, produz antiespumantes à base de óleos vegetais no exterior há mais de 20 anos para aplicações que devem atender regulamentações da agência americana de alimentos e medicamentos (FDA), destacando a linha Foamaster NO.
Uma novidade, segundo Braidott, é previsão do início da produção destes aditivos de óleo vegetal no Brasil.
Sobre o uso de silicones como antiespumantes, Braidott comentou que o risco desses materiais criarem efeitos negativos nas tintas é pequeno, visto que o material utilizado é o polidimetilsiloxano (PDMS), polímero cujos grupos silanos estão na cadeia polimérica e não na forma de um silicone livre de cadeia curta.
A capacidade do PDMS em reduzir a tensão superficial faz com que estes polímeros sejam utilizados para a substituição dos PFAS, compostos banidos da Europa e dos EUA, como antiespumantes. Com essa proposta, foram lançados neste ano três novos produtos da linha Efka, os SI 2042, 2041 e 2751, que substituem os similares que contêm PFAS em sua composição. As novidades são destinadas aos segmentos de tintas e vernizes base solvente, sendo indicadas para os mercados automotivo, industrial e de madeira, principalmente.
BYK
Com 150 anos de experiência na produção de aditivos, a BYK destacou o desenvolvimento de antiespumantes mais específicos, tais como os provenientes de matérias-primas de fontes renováveis, assim como os desenvolvidos para substituição dos aditivos antiespumantes, que contenham PFAS em sua composição, sem afetar o desempenho na eliminação de espumas, disse André Moreno Fernandez, gerente do laboratório de aplicação.
Fernandez, ao comentar a substituição de antiespumantes à base de óleo mineral pelos à base de óleo vegetal, destacou o BYK-1740, composto totalmente de óleo vegetal, como alternativa ecologicamente correta.
Sobre a substituição dos PFAS em seus aditivos, ele informou que a BYK lançou alguns antiespumantes à base de silicones para tintas base solvente e isentas de solventes, os BYK-1810, BYK-1811, BYK-1815, BYK-1816 e BYK-1818.
Ele ressaltou que a experiência de longa data da empresa permite desenvolver alternativas para os produtos consolidados no mercado, através de estudos de moléculas e testes de aplicação realizados em seus laboratórios globais. Além disso, no caso de clientes que buscam a BYK por apoio técnico na solução de problemas, o laboratório de aplicação pode efetuar testes com os diversos aditivos do portfólio, diretamente no sistema do cliente, recomendando uma seleção mais assertiva de produtos para serem testados, reduzindo o investimento de tempo de estudo/avaliação.
No Brasil, Fernandez comentou que os clientes que desejam comprar em pequenas quantidades os produtos BYK devem contatar diretamente a Colormix Especialidades, seu distribuidor exclusivo no Brasil, que possui estoque local para 3 a 4 meses do consumo nacional dos aditivos da companhia, que não mantém fábrica no país. No caso dos clientes globais, a comercialização é feita pelo sistema indent, operada pela Colormix Especialidades diretamente para a BYK.
A produção atual dos aditivos BYK reside principalmente na Alemanha e nos Estados Unidos, o que torna os aditivos menos competitivos que os produzidos nacionalmente devido aos custos de importação. No entanto, Fernandez destacou que o melhor desempenho e a maior estabilidade dos antiespumantes da BYK na tinta compensam esse fator, oferecendo melhor custo-benefício para os clientes, além assegurar a qualidade dos produtos, uma vez que já possuem diversas certificações, entre elas a ISO 9000, e ainda contam com o suporte técnico especializado da equipe BYK no Brasil.
Com relação ao impacto ambiental da produção dos aditivos no exterior, o especialista indicou projetos que estão em andamento na BYK, como redução da emissão de CO2 e a de utilização de energia de fontes renováveis, buscando melhorar o desempenho ambiental
Miracema-Nuodex
A empresa destacou a tendência do mercado de utilizar óleos vegetais, presentes no seu portfólio em alguns itens da linha Liofam, impulsionada pelas regulamentações ambientais que os fabricantes de tintas devem atender, as quais exigem a redução dos VOCs e outros compostos nocivos.
Segundo a empresa, essa substituição conta com materiais mais eficientes e sustentáveis, sem a necessidade de alterar significativamente o processo de produção da tinta. No entanto, pontua que pequenas adaptações podem ser necessárias para a aplicação desses novos aditivos, de modo a garantir a eficácia e a compatibilidade à formulação da tinta.
Entre os produtos mais vendidos pela empresa, merece destaque o Liofam 159, um antiespumante para tintas à base de água cuja tecnologia é baseada em insumos de fontes renováveis que, além de inibir e controlar a formação de espuma, proporciona alto desempenho com baixa dosagem.
Braschemical
Amadeu Paiva, gestor de produtos, comentou que o mercado de antiespumantes está bastante competitivo, destacando a diversidade de fornecedores que o torna mais acirrado e com os preços mais pressionados.
Após destacar o Antarol FJ601 (base óleo) como o antiespumante mais vendido pela empresa, Paiva comentou que a produção da linha Antarol, que era produzida pela Dystar na Argentina, será transferida para o Brasil, trazendo maior agilidade e flexibilidade logística para seus clientes.
Sobre a busca de novas tecnologias sustentáveis, Paiva salientou a parceria com a Dystar, que sempre busca tecnologias condizentes com as normas do FDA, visando reduzir a emissão de VOCs e a obtenção de alternativas isentas de nonifenol, um composto químico persistente, bioacumulativo e tóxico para peixes e plantas, que já enfrenta uma série de restrições.
Sobre os produtos mais vendidos, Paiva adicionou os aditivos para tintas imobiliárias de base aquosa, com destaque para o Antarol TS 709 e 711, este último podendo ser adicionado em qualquer etapa do processo de fabricação, além de oferecer eliminação rápida das bolhas e ação persistente na estocagem.
Para a eliminação de bolhas no processo de polimerização, Paiva indicou o Antarol L837 e o L855 para tintas e polímeros em emulsão para sistemas com alto cisalhamento.
Sobre os antiespumantes mais vendidos base silicone em tintas imobiliárias aquosas e em resinas de látex e acrílicas, Paiva destacou o Foam blast 4205, que apresenta alta performance em formulações de tintas imobiliárias com baixa emissão de VOCs.
Sumttex
A empresa destacou as dificuldades enfrentadas devido às oscilações nos preços das matérias-primas, a entrada de insumos chineses no mercado, além da necessidade de reduzir custos e melhorar o desempenho de seus produtos.
Como informou, o principal aditivo vendido pela empresa é o Foammax LC, antiespumante empregado para formular revestimentos arquitetônicos à base de água, cuja ação impede a formação de espuma durante e após a fabricação e envase. A empresa salientou que toda a linha Foammax é produzida no Brasil.
Evonik
André Carvalho, gerente sênior de negócios da área de Coating Additives Central and South America, destacou a busca por soluções sustentáveis de alto desempenho mediante a maior presença de componentes de origem vegetal e renovável em seus antiespumantes, destacada nos produtos da linha Tego.
Exemplos que seguem essa tendência, destacados por Carvalho, são o Foamex 8880, emulsão antiespumante eficaz com alto teor de base biológica capaz de prevenir e eliminar espumas em tintas gráficas, e o Foamex 16, concentrado livre de solventes ou óleos minerais com baixíssimo teor de VOC (e SVOC, semivoláteis), composto por 25% de material base biológica e indicado para tintas arquitetônicas.
Outras novidades para a linha Tego, comentadas por Carvalho, são o Foamex 11, emulsão antiespumante à base de siloxano com baixíssimo teor de VOC e livre de solventes ou óleos minerais, otimizada para revestimentos de alto PVC; o Airex 923, desaerante composto por polímero orgânico ativo concebido especialmente para cura por radiação de revestimentos sobre madeira; e o Airex 978, desaerante concentrado com excelente eficácia contra micro e macroespumas em revestimentos base solvente, cura por radiação e com alto sólidos, especialmente os de alta viscosidade.
Outras novidades destacadas por Carvalho são os antiespumantes à base de óleo orgânico e siloxanos Airase, livres de óleos minerais, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HAP) e alquilfenol etoxilados (APEOs) recomendados para sistemas base água, além dos agentes umectantes multifuncionais e antiespumantes Surfynol, baseados na tecnologia de surfactantes Gemini e altamente recomendados para sistemas aquosos.
Com relação às suas inovações para os serviços oferecidos aos clientes, Carvalho destacou a plataforma Coatino, um assistente virtual para os formuladores e suas necessidades, com ferramentas digitais que permitem a detecção de defeitos em amostras pintadas, por meio do Coatino Defect Detection (CDD), oferecendo a recomendação de guias de formulação, com o Coatino Pigment Concentrate Finder, e até para aprender sobre os aditivos utilizados em formulações, com o Coatino Campus.
Sobre as principais dificuldades para importação de seus antiespumantes, Carvalho destacou a desaceleração econômica pós-pandemia, os impactos causados pelas guerras, o desabastecimento da cadeia de suprimentos, alta da inflação e a pressão sobre os custos de produção.
Fonte: https://www.quimica.com.br/antiespumante/