O ponto de encontro da construção

Minas: onde o essencial mora

Minas é dessas terras que não se atravessa — se adentra.
Não se visita — se sente.
O chão vermelho, o céu sempre largo, as montanhas ondulando feito cobertor dobrado… E, no meio de tudo, um modo de vida que ensina o valor da pausa, do silêncio e do olhar demorado.

Neste Roteiro, seguimos passos leves por quatro paragens onde o tempo anda devagar e a beleza se revela aos poucos: Inhotim, o Hotel Clara, o restaurante Traga Luz e, claro, a sempre encantadora Tiradentes, que em 2025 recebe a 9ª edição da Semana Criativa — um mergulho profundo na alma do Brasil feito à mão.


Inhotim: arte enraizada na paisagem

No coração de Brumadinho, Inhotim é mais que museu; é território de contemplação, onde a arte brota do chão e a natureza molda os caminhos.
Obras de Adriana Varejão, Cildo Meireles, Yayoi Kusama se escondem e se revelam entre jardins sinuosos, lagos parados e árvores centenárias, como se sempre tivessem pertencido ali.

Caminhar por Inhotim é um convite ao recolhimento: a arte não se impõe, mas espera que a gente chegue. Ali, o tempo se dobra, se estica, se desfaz.


Hotel Clara: arquitetura que repousa na natureza

Poucos passos além, o Hotel Clara — ou Clara Arte, como carinhosamente é chamado — repousa na paisagem como quem não quer perturbar o sossego do mato.

O projeto, sonhado por Freusa Zechmeister em 2007 e retomado com delicadeza em 2023, se encaixa na vegetação como pedra antiga, como tronco retorcido pelo vento.
Os 46 bangalôs se espalham sem pressa, oferecendo abrigo discreto, quase cúmplice, entre árvores e trilhas de terra batida.

Nos interiores, Marina Linhares compôs ambientes que acolhem e aquietam: móveis de madeira com alma brasileira, pedras sabão vindas de São João del-Rei, tecidos que carregam o cheiro do campo.

Estar no Clara é experimentar o luxo silencioso do essencial: o canto da noite, o cheiro da manhã, a luz filtrada pelas folhas.


Lagar Tragaluz: cozinha que ilumina memórias

Em Belo Horizonte, no compasso tranquilo da capital mineira, o restaurante Lagar Tragaluz se abre como uma janela ensolarada para a cozinha de afeto.
O chef Felipe Rameh, conduz essa experiência como quem guia uma visita pelo quintal: resgatando ingredientes, modos de fazer e memórias guardadas no fundo da alma.

A tradição mineira, com seus gestos calmos e sabores de casa, se encontra com um olhar contemporâneo, mas sem alarde — porque aqui, como em toda Minas, quem brilha é o que vem da terra, do fogo manso, da mesa partilhada.

Com atmosfera íntima e acolhedora, o Traga Luz é daqueles lugares que não apenas alimentam: aquietam.

20/12/2022 – Brumadinho – MG INHOTIM – Sonic Pavilion – Doug Aitken. Foto: Bruno Figueiredo / Área de Serviço

Tiradentes: onde o tempo é feito à mão

E então, lá está ela: Tiradentes.
Cidade de pedra e história, onde o tempo se demora entre as ladeiras, os casarios silenciosos e os ipês que explodem em flor como quem quer colorir a memória.

Mas há também um pulso criativo, discreto e vibrante, que se manifesta, sobretudo, na Semana Criativa de Tiradentes. De 16 a 19 de outubro de 2025, a cidade recebe a 9ª edição do festival, que amplia fronteiras e celebra a diversidade da criatividade brasileira.

Mais do que um evento, é um projeto de longo prazo que articula designers e artesãos de todo o Brasil.
Nesta edição, a Casa Paraíba estreia e a Casa Pará retorna com novos artistas. O evento terá um circuito de instalações com nomes como Renato Imbroisi, Ana Vaz, André Ferri, Pietro Oliveira e Marcus Camargo com as Coralinas.

Haverá ainda exposições de coletivos como a Casa do Design Cearense, as benzedeiras do Jequitinhonha, e da artista Roxinha, além de homenagens, como ao artista popular Fábio Francino.

O Palco Artesão, o novo Espaço Festivo e o cortejo Encantarias – O Canto Orfeônico completam o roteiro com experiências sensoriais, afetivas e transformadoras.

A Semana Criativa é mais que festival: é um movimento de preservação, inovação e escuta. É sobre encontros verdadeiros, sobre o Brasil profundo e vibrante que resiste nas mãos que moldam, tecem, bordam e cozinham.


Minas é travessia

Este itinerário  é menos um roteiro e mais uma travessia.

Em Minas, os caminhos não se medem em quilômetros, mas em suspiros, em silêncios e em memórias que ficam impregnadas como cheiro de café recém-passado.
Entre obras de arte que se confundem com a paisagem, arquitetura que repousa em vez de se impor, gastronomia que evoca o quintal e tradições que resistem como pedra sabão, Minas se revela em sua forma mais pura: essencial, plural, terrosa e acolhedora.

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