Nos últimos tempos, tornou-se comum encontrar nas redes sociais influenciadores e criadores de conteúdo expondo falhas em obras, erros de execução e, muitas vezes, críticas diretas ao trabalho de arquitetos e engenheiros. Casos que viralizam, ganham comentários inflamados e, em poucos cliques, colocam toda uma categoria profissional sob suspeita. Estamos na era da exaltação ou do cancelamento a longo alcance

Embora nem sempre essas críticas sejam justas ou contextualizadas, elas acendem um alerta importante: a nossa profissão está constantemente exposta e, mais do que nunca, precisamos estar preparados. A imagem do arquiteto tem sido, em parte, manchada por profissionais que, por desatualização ou falta de preparo, cometem equívocos que poderiam ser evitados com mais estudo, troca de experiências e aprofundamento técnico.
Não basta mais dominar programas de modelagem 3D ou entregar um projeto esteticamente perfeito, é preciso saber executar, dialogar com a obra, entender materiais, normas e, principalmente, saber ouvir e se adaptar. A formação não termina na faculdade. Pelo contrário, é ali que ela começa.
É nesse cenário que feiras, congressos e eventos da área se mostram como oportunidades inestimáveis de crescimento. Participar desses encontros vai muito além de “ver lançamentos” ou “fazer networking”. Trata-se de mergulhar em um ambiente de aprendizado constante, onde é possível conversar diretamente com fabricantes, entender a fundo as possibilidades e limitações de cada produto, tirar dúvidas com especialistas, assistir a palestras que abordam desde gestão de escritório até sustentabilidade e inovação. Esses momentos quebram a rotina e nos fazem repensar nossas práticas com mais consciência. Se você for um profissional esperto, irá inclusive conhecer materiais para especificar o ano inteiro, otimizando o seu tempo, já escasso.
Todos os dias, novos materiais, acabamentos e tecnologias chegam ao mercado. A velocidade com que isso acontece exige do arquiteto muito mais do que um olhar atento às tendências. Não basta salvar uma imagem bonita no Pinterest ou copiar soluções vistas em projetos de referência. É preciso estudar o funcionamento, a aplicação correta, os limites e as exigências de cada novidade. Cada espaço é único — com suas demandas técnicas, climáticas, funcionais e estéticas — e merece uma proposta igualmente singular. Sem esse olhar aprofundado, corremos o risco de projetar com base em aparências e comprometer tanto a funcionalidade quanto a durabilidade das soluções.
Além disso, eventos nos relembram do porquê escolhemos a arquitetura: pela paixão de transformar espaços e impactar vidas. Quando saímos do automático e voltamos a estudar, a ouvir e a compartilhar, recuperamos a essência da profissão. E isso, por si só, já é um ato de resistência em tempos de superficialidade.
De minha parte, existem três eventos, em São Paulo, que eu irei haja o que houver: a Glass South America e E-squadria Show (que acontecem juntas), de 3 a 6 de setembro, no Distrito Anhembi e que traz tudo de mais relevante relacionados às tecnologias de vidros e esquadrias.
E a Construlev Expo, de 4 a 6 de novembro, no São Paulo Expo, fechando o meu calendário do ano, que apresentará todas as novidades de construção a seco como steel frame, wood frame, drywall e construção modular. Eventos fora da curva que vão desafiar mais uma vez a nossa capacidade de se reinventar.
Portanto, se há uma lição que podemos tirar deste cenário de críticas crescentes e da exposição constante da nossa profissão, é que o conhecimento continua sendo nossa melhor ferramenta. Que saibamos nos posicionar como profissionais comprometidos com a qualidade, a ética e a evolução. Participar de feiras, se atualizar e buscar novas referências não é luxo — é responsabilidade.
Porque arquiteto que para de aprender, para de crescer. E na velocidade em que o mundo gira, ficar parado é ficar para trás.