Esse ano, visitar a CASACOR SP foi como atravessar um portal: cada ambiente parecia me convidar a ficar mais um pouquinho. O tema da mostra, “Semear Sonhos”, não poderia ser mais coerente com o que vivi ali. Tudo me tocou de algum jeito, pela beleza, pelas memórias despertadas, pela sensação de pertencimento. Era como se cada canto semeasse ideias e emoções ao mesmo tempo

Logo na chegada, o casarão, localizado dentro do Parque da Água Branca, na Zona Oeste de São Paulo e que abriga a mostra, já diz a que veio. Seus janelões generosos e a atmosfera da arquitetura italiana criam uma conexão direta com o verde ao redor, com o lago, com o tempo que desacelera. Uma integração entre dentro e fora que fala de respiro, bem-estar e, acima de tudo, vida.
Mas o que mais me encantou foram os detalhes. Os ambientes deste ano resgataram com maestria referências do art déco, art nouveau e do nosso querido modernismo brasileiro. Essa mescla de passado e presente, cheia de afeto e identidade, deu forma a uma narrativa visual potente e acolhedora.
E aí entram as macrotendências que tanto falamos no universo da arquitetura e do design:
Conexão com a natureza
A natureza não é mais só pano de fundo. Ela entra, ocupa e transforma os espaços. Os grandes vãos de vidro, os materiais naturais e os tons que remetem à terra são convites para vivermos de forma mais sensível e integrada com o entorno.
Estética emocional e nostalgia
Depois de anos mergulhados no minimalismo silencioso, voltamos a desejar espaços que falam com a gente. Estampas no teto, nos estofados, nas paredes. Listras, xadrez, florais, texturas marcantes e uma paleta de cores cheia de presença: vermelho bordô, azul petróleo, verde-mata, marrons intensos, rosa queimado e alaranjados. Cores que abraçam e contam histórias.
Aliás, impossível não mencionar a Adega Legado, assinada pelo Gabriel Rosa. Um dos ambientes que me chamou atenção por usar uma das cores mais polêmicas do design. Com o vermelho bordô como fio condutor, ele nos leva a uma viagem sensorial por memórias, raízes e cultura — em uma leitura sofisticada dos móveis da Breton e de toda a simbologia do vinho. Um espaço que acolhe e encanta em cada detalhe.
E o que dizer das cores?
Ah, as cores! Elas foram, sem dúvida, protagonistas absolutas dessa edição. Estavam em tudo: tapetes, estofados, mobiliários, paredes, objetos, tetos! Um verdadeiro espetáculo sensorial.
Vimos:
- Tons terrosos como terracota, caramelo e verde oliva, que trazem aconchego e elegância.
- Neutros naturais, como bege amadeirado e cinzas suaves, que remetem à calma e ao essencial.
- Verdes, sempre presentes para nos lembrar do que é vivo e vital.
- Azuis, que dão frescor, profundidade e serenidade.
- E claro, as cores vibrantes e sofisticadas: vermelho bordô, azul profundo, rosa queimado, laranja queimado. Cores que marcam e emocionam.
As texturas também merecem aplausos: veludos, palhas, madeiras mais escuras, cerâmicas, tramas artesanais. Uma riqueza tátil que dá vontade de tocar tudo com calma.
Um convite ao morar com mais alma
A CASACOR SP 2025 é mais do que uma mostra, é um manifesto. Um lembrete de que morar bem vai muito além de estética: é sobre sentir-se em casa, com o coração tranquilo e a alma nutrida.
É sobre sonhar com os pés na terra, celebrar o que somos, valorizar as raízes e imaginar novos futuros possíveis.
E se sonhar é semear, que a gente siga cultivando casas que acolhem, tocam e transformam.
CASACOR São Paulo
Parque da Água Branca
R. Dona Ana Pimentel, 40
De 27 de maio a 3 de agosto